A energia sexual é a força capaz de gerar vida em nós. Tanto a sagrada possibilidade de dar início a outra vida quanto a igualmente sagrada capacidade de sentir vida, força e alegria em nós mesmos. É o cerne de toda magia, é a força que anima nossos corpos e nos dá poder. É preciso liberá-la e aprender a usá-la se queremos tomar posse de nossas vidas e de nosso poder pessoal. O objetivo da violência, repressão e abusos sobre a pessoa é mantê-la dócil, dependente, obediente e frágil!
Como sobrevivente de abuso sexual eu sei bem o que me custou recuperar a minha sexualidade. Foi difícil e continua sendo. Esses assuntos não se discutem abertamente, a família não quer saber, a sociedade ignora, não há ajuda especializada!
Há um acordo tácito de que não se deve falar de sexo, sobretudo se você for mulher. O mais curioso disso é que se for para denunciar até pode. Aos trancos e barrancos fomos conquistando um pouco esse direito. Mas ninguém espera ouvir uma mulher dizer que gosta de sexo. Que sente prazer, é dona do seu corpo, sabe do que gosta e vai atrás do gozo. Uma mulher com desejos e fantasias eróticas assusta.
Não há permissão social para o prazer. Violência na televisão, em qualquer horário pode. Sexo não! Violência gera medo e o medo paralisa. Interessa ao poder manter as pessoas concentradas no medo, uma vez que o pensamento intensifica tudo aquilo em que se concentra. Muito tem se falado atualmente sobre a lei da atração, cujo princípio é basicamente este: concentramos nossa energia em algo e automaticamente atraímos mais daquilo. Ao passarmos muito tempo concentrados na violência e no medo, atraímos mais disto, ficamos paralisados!
Enquanto o medo nos torna fechados e individualistas, seu oposto, o Amor, traz receptividade, generosidade, descongela, cura, amacia, embevece. O Amor é o mais grato e feliz dos sentimentos, o que pode atrair as melhores coisas. Por isso ele é o objetivo de um rito que é central para todas as culturas matriarcais, o sexo sagrado ou Grande Rito. O Amor não é uma idéia abstrata tampouco um princípio moral. É um sentimento e como tal só podemos vivê-lo através de nossos corpos. Ele deve nos tomar, apossar-se de nosso ser como um todo e então transbordar de nós com o brilho de uma felicidade generosa.
A idéia no Grande Rito é focar a consciência no Amor e no Prazer, expandir-se a ponto de sentir que nos tornamos o próprio Amor, que diluímos nosso ser no Todo, em um êxtase de comunhão. Comunhão com o outro, conosco e com o universo. Comunhão, por fim, com a Divindade e o mais sublime dos poderes que Ela nos concede, o poder de criar a vida, de nossos filhos e a nossa. Poder de fazermos com que a nossa energia esteja livre e disponível para criar nossa realidade como desejarmos, em liberdade. Liberdade para a comunhão com o Amor, essência última da Divindade, que mantém a teia da Vida em Unidade.
É o Amor que mantém o Universo coeso em vibração harmoniosa e é nele que buscamos mergulhar com nossos corpos, mentes e espíritos. Simplesmente porque esse mergulho é a maior fonte de prazer e felicidade que pode existir. Nessa vida eu mergulhei pela primeira vez aos oito anos e nunca mais esqueci. Desde então, dentre os meus amores, o Amor é o que me é mais caro. E celebro com extrema gratidão cada um dos momentos em que me visita!
Do site Lótus Púpura - Simplesmente Maravilhosoooooo!