quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Memórias Agressivas

Amanhã é o Dia da Não Violência Contra as Mulheres... então decidi compartilhar com vocês histórias pessoais, familiares ...
Sou filha de um lar desfeito antes mesmo de nascer (vivi desde 1 mês de vida até os 20 anos na casa dos meus tios-avós que sempre chamei de pai e mãe). 
O que pouca gente sabe é que meus pais biológicos se separaram 1 mês antes do meu nascimento, motivo: Agressão Doméstica.
Durante muitos anos eu e meu pai biológico não conseguiamos ter uma relação nem sequer de amizade por causa do grande sentimento de ódio que eu nutria por ele. Foram necessárias muitas conversas, terapia e maturidade para que hoje tenhamos o minimo de contato civilizado e amistoso.
Essa foi a 1ª mulher que vi, mesmo no ventre dela, sofrer com as humilhações e agressão fisica, fruto do alcoolismo do meu pai.
Depois aos 7 anos, vi minha irmã mais velha (de criação) ser agredida por meu cunhado, gravida de 7 meses, ele a pegou pelos cabelos e a jogou contra parede, mais uma vez o vicio era a causa predominante naquele comportamento agressivo. 
Infelizmente ele não parou por ai, e durante quase 8 anos de casamento foram sucessivas brigas que terminavam com socos, puxões de cabelo, e em ultimo caso boletim de ocorrencia, o qual ela sempre acabava retirando a queixa! O que passou a me revoltar! A essa altura eu já era uma adolescente... moravamos todos no mesmo quintal.
Já contei o desfecho desse casamento em um outro post (Os dois faleceram vitimas do HIV, ele usuario de drogas, contaminou minha irmã).
Quando comecei a namorar, aos 12 anos (precoce, eu sei...rsrs) em casa, tinhamos 6 anos de diferença, ele já ia fazer 18, e era muito ciumento. Controlador, me levava e buscava na escola, não queria que eu falasse com meus amigos e começou a implicar com minhas amigas também.
Um dia durante uma briga, ele disse que eu parecia uma vagabunda porque estava sentada na porta da "minha casa" conversando com meus amigos. Eu respondi: Vagabunda é a sua mãe que passa o dia inteiro na janela controlando a vida alheia!
Ele levantou a mão pra me bater, nessa hora não tive duvidas... eu disse: Bate, mas bate com vontade pra mim não levantar! - Ele baixou a mão... e então eu larguei a bofetada na cara dele! E disse: Nunca um homem vai me chamar de vagabunda ou levantar a mão pra mim e sair de graça... entendeu? ... Ele não revidou... ficou manso... mas o namoro acabou meses depois, porque ele era um galinha.
A atitude que tive de desferir aquele tapa não foi correto, mas pensei com todo o ódio acumulado ao longo das agressões que presenciei ... nunca mais um homem tentou me agredir. Acho que sempre fui o tipo agressiva demais para se deixar atingir. Sem contar o meu lindo rolo de massa de madeira pura que levo comigo desde que sai da casa dos meus pais, mudei de marido 2 vezes e ele vai comigo aonde eu vou!.... rsrsrsrs....
Infelizmente existem muitas Estelitas e Aparecidas por ai ... que apanham de seus companheiros, algumas abandonam o lar, como minha mãe biológica. Outras pagam com a vida pela esperança de que um canalha desse possa mudar, como minha irmã.
A violência as vezes começa de forma pequena, numa brincadeira, gesto ou situação que se não for observada e podada, acabará se tornando num circulo vicioso, sem saber onde tudo começou. E quando acaba o respeito, acabou tudo. 
As vezes começa com uma palavra... e pode acabar com um tiro!
Que outras mulheres consigam tirar forças de seu Utero como minha mãe e vivam sua vida longe de quem as maltrata ou humilha, buscando caminhos melhores para sí, como ela fez.
Hoje aos 51 anos é Assistente Social, mora em Campo Grande, é casada, e vive numa chacara com sua nova familia. 

***De um coração mais leve por compartilhar minhas vivências....

Babi Guerreiro
 

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Desabafar faz bem?

Essa pergunta tem me atormentado à semanas... à semanas venho soltando coisas em fragmentos, aos pedaços e pior, sinto que isso está me consumindo, se tornando um veneno me deixando amarga, anestesiada. Por fora um semblante quase sempre brincalhão, mas por dentro uma mulher maquiavélica tramando vinganças.

Cansada de se sentir usada, cansada de se sentir abandonada, cansada de lutar pelo o que não vale a pena, cansada de ser julgada, cansada de ser questionada. E principalmente apontada, não tenho pulso firme, sou drámatica, sou chata.

Tirar forças do útero... das entranhas para não fazer nenhuma besteira maior ou pior.

A sensação de impotência, de desespero as vezes toma conta de mim. E a unica coisa que faço nessas horas é me trancar no banheiro e chorar até cansar. Lá ninguém pode me ver, me incomodar, me questionar. Sou somente eu e minhas lágrimas.

Sinto saudades de um tempo quando não me sentia sozinha, me sentia amparada. Hoje isso são só palavras, como que para convencer á mim mesma. Mas à quem quero enganar?
Se não fosse a Deusa... e a imensa fé que sinto... não sei o que seria.

Mas pior mesmo é sempre ser procurada quando precisam de você... nunca te ligam para saber se você está bem, mas de repente aparecem e te pedem favores como se você tivesse a obrigação de ajudar. Isso foi a gota d'água no meu copo transbordando.
Queria ter tido a coragem necessária para soltar todos os cães do Submundo em cima dessa pessoa. Mas dei uma desculpa e sai pela tangente.

Porque para mim é tão dificil olhar na cara de certas pessoas e simplesmente falar, quando existem outras que nem faço força. Simplesmente flui... como um rio.
A culpa é minha... os bloqueios são meus... saber disso resolve? Não!!!
Acho que tá na hora de voltar para a Análise. Antes que meus problemas afetem as pessoas ainda mais, eu enlouqueça e leve mais algumas pessoas comigo!

Precisava escrever... precisava falar... ler em voz alta...
Se você já passou por algo semelhante, ou está passando, saiba que não está só!
Somos muitas loucas soltas por ai!
Minha camisa de força se rasgou há alguns meses, e nada é capaz de remendá-la.
Assim como meu coração que está despedaçado... só existe uma cola capaz de juntar esses pedaços, e ela não está à venda em qualquer lugar.
Que a Grande Mãe a Senhora da Vida, Morte e Regeneração cuide de mim!

Pois admito que não consigo mais fazer isso sozinha!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Blogagem Coletiva: Onde está a Imperatriz?

"Se arquétipos são do conhecimento construído pela humanidade, eles estão, certamente, em tudo que nos cerca: da observação dos ciclos aos movimentos mais humanos como as celebridades e as necessidades de agrupamento. Então, convidamos todos os oraculistas a nos contar onde está A Imperatriz? Onde está seu reinado? Sua força fêmea? Onde manifesta-se seu jardim? O que nasce de sua barriga fértil? Onde moram suas manifestações mais físicas? Onde está a Imperatriz?"
Por Pietra diChiaro Luna 

Quando comecei a colocar a postagem no papel (quase sempre escrevo no papel um rascunho sobre o post) tive uma certa dificuldade de entender a figura da Imperatriz... até peguei a Pietra pelo bate-papo para ela me ajudar a clarear as idéias, e deu certo.
Comecei a lembrar de algumas figuras nos dias de hoje... e outras do passado.

A Imperatriz é a mulher diante do mundo do poder. É o arcano de 2010, um ano onde a Mãe Terra irá dar a luz a novas realidades e percepções para seus filhos, nós. No Tarot Mitológico a Imperatriz está representada por Deméter, a Deusa da Terra e a Terra como Deusa, Gaia. Assim a Imperatriz é uma representação da Divindade em seu aspecto Feminino e também uma representação do próprio planeta, que é o corpo da Deusa-Mãe. Interessante, a Terra é o terceiro planeta em relação ao Sol dentro de nosso sistema. Grávida, Ela, nossa Terra, esse planeta azul cheio de vida, quer parir uma nova humanidade. 

Vou falar de uma que para mim é muito especial: Ester ... esposa do Rei Assuero, no território da Pérsia. Um personagem biblico... rsrs... sim... mas também um personagem histórico.

Através da intercessão da Rainha Ester muitas vidas de hebreus foram poupadas durante as guerras religiosas que muito assolavam o Oriente já naquela época. Uma mulher que se importava com seu povo, sua tradição e sua familia.
Uma personagem forte, com personalidade mas também uma incrivel sensibilidade, a sua vida sempre me inspirou, de como uma mulher pode ser boa esposa sem ser acéfala.
É a Biblia fala sobre mulheres de forma positiva também. 
Deixando a polêmica da bibliografia da vida de Ester, me lembrei é claro da Grande Deméter, a Mãe Nutritora que cuida de sua prole com unhas e dentes para manter a união e a paz.
Nas runas, Laguz representa a mulher, a intuição, a Sacerdotisa, a maternidade... para mim todos adjetivos próximos à Imperatriz.
Rainhas do passado... e do presente... nós mesmas... nossas mães.
Minha falecida Mãe... Uma Imperatriz que reinava absoluta... cuidando da casa, delegando tarefas, supervisionando tudo com cuidado e atenção. Com certeza exercito minha Imperatriz interior as vezes mais do que gostaria, sou mãe de uma menina de quase 7 anos, e sou muito protetora, chata mesmo as vezes. 
Mas ao passo que sei de minha sombra procuro lidar com ela, mas também sei ser receptiva aos que me chegam, boa anfitriã... rsrs ... como toda Imperatriz. Amo cozinhar, e me  sentir necessária na vida daqueles que eu amo.
Como sempre foi um prazer blogar com vocês queridas.
Até a próxima.
Babi Guerreiro

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Falo - O Sagrado Masculino: O que é Falo?

É com muito orgulho que venho promover o blog do meu irmão, amigo, companheiro e Sacerdote: Natan Brith (Gawen Ausar)... onde tratará de apresentar de maneira clara e objetiva os Mistérios Masculinos:

Falo - O Sagrado Masculino: O que é Falo?: "Falo, genéricamente pode ser definido como o pênis ereto. Etimológicamente tem origem latina e grega - Phallus. Porém seu significado tanto..."

Boa leitura à todos...

Beijus iluminados sempre...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Que Energia é essa???

***Compartilho com vocês a letra dessa canção, quem não á conhece vale a pena ouvir.

Somente Quando Eu Durmo - The Corrs
Você é simplesmente um barco dos sonhos
Navegando em minha mente
Você nada em meus oceanos secretos
De corais azuis e vermelhos

Seu cheiro é de incenso queimando
Seu toque ainda é sedoso
Ele alcança minha pele
Movendo-se de dentro
Agarra-se em meus seios

Refrão:
Mas é somente quando eu durmo
Vejo você em meus sonhos
Me rondando em círculos
Me virando de cabeça pra baixo

Mas eu apenas ouço você respirar
Em algum lugar do meu sono
Me rondando em círculos
Me virando de cabeça pra baixo
(apenas quando eu durmo)

E quando eu acordo do sono
Sua sombra desaparecem
Sua respiração é só a névoa do mar
Envolvendo meu corpo

Estou trabalhando durante o dia
Mas quando é hora de descansar
Estou deitada em minha cama
Ouvindo a minha respiração
Caindo da ponte...

Mas é somente quando eu durmo
Sim, sim, sim, sim...
Mas é somente quando eu durmo

Até o céu
Onde os anjos voam
Eu nunca vou morrer
É muito perigoso

Tocando minha pele
Movendo-se dentro de mim
Toma conta de meu peito

Mas é somente quando eu durmo
Vejo você em meus sonhos
Me rondando em círculos
Me virando de cabeça pra baixo

Mas eu apenas ouço sua respiração
Na cama que eu minto
Não preciso chorar
Chorando em meu sono
Muito Perigoso

http://www.vagalume.com.br/the-corrs/only-when-i-sleep-traducao.html#ixzz14o0RIsTE
***O som do violino e a flauta... e a doce voz de Andrea Corr remontam à um cenário perfeito. Para mim essa música deixa expressar a energia sexual, sensual, amorosa e provocante desses dias.
Dias e noites de Beltane ... decididamente não são iguais. 

De uma mulher que vive a Roda intensamente...
Babi Guerreiro

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O Senhor Selvagem - Filho, Consorte e Sábio

Para muitas mulheres dentro da Bruxaria, principalmente na Wicca, ficou dificil ter um culto ao Deus, já que tanto se falou do patriarcado, das babaries feitas em nome de "Deus" contra aqueles que não se curvaram mediante seu dominio. Outros pela infeliz comparação do "Deus de Chifres" com o Diabo cristão, que nada tem haver um com o outro. Mas isso é um estudo profundo que demanda um post muito detalhado, e quanto a isso em breve estarei indicando o blog do meu Consorte, Gawen que tratará dos Mistérios Masculinos e faces do Deus.
Hoje venho aqui como filha da Deusa... Sacerdotisa Dela... conhecedora e buscadora de seus mistérios, falar do Senhor Selvagem num post poético em celebração à energia de Beltane, o Casamento Sagrado.
Espero que apreciem...

"Entre os Mundos num reflexo de mim mesma contemplei o amor... e num extâse de paixão dei a luz a toda a vida, alegria... e à Ele chamei de Contra-Parte, Filho, Amigo, Consorte, Sábio... incontáveis são seus nomes assim como os meus.
De mim Ele saiu e para mim Ele sempre retorna em cada giro da Roda... Ele que é o Eterno Viajante, o Eterno Jovem.
À Ele é ensinado os segredos da regeneração, pois Ele é o Sacrificado, que morre em amor aos nossos filhos, e à mim, para que Eu possa ter forças para sustentar toda a vida.
Esses são mistérios Dele ... o Grande Caçador... que mantêm seu Clã forte e saudavel, através de seu exemplo é dada a continuidade aos Ritos de Transição.
Sua imagem foi manchada por dogmas que nada condizem com sua verdade... Ele não é Cruel e nem Manipulador, a Ele não foi dado o poder de julgar a humanidade.
Ele é meu Sábio Companheiro... meu Consolador, Nele tudo vive, morre e renasce, Ele é o grão e eu sou a Terra fértil que o recebe afim de alimentar toda a criação.
Ele é o Sol que me aquece... afim de que seus brotos ganhem força.
Ele dorme em meu peito, aninhado em meu colo ... Com um rosto sereno, num momento de amor.
Ele também é o Guerreiro que defende sua tribo, que usa de sua força para a defesa e nunca para subjulgar os outros. Ele sabe do seu poder, sabe do que é capaz.
Ele ama, chora, sofre, não tem medo da morte, pois Ele é a morte em todo o seu esplendor, assim como é a vida, Ele é Tudo.
Assim como Eu ... Ele é minha sagrada metade, nem maior e nem menor, não menos importante.
Ele que junto comigo baila entre os Mundos, realizando o amor, toda a natureza celebra conosco a paixão, Ele é meu filho-amante, Pai de si mesmo, Ancião.
Desejo-o em todas as suas fases, amo todas as suas faces... pois Eu o criei.
Seu corpo, alma, espirito me pertencem, me servem, me celebram e me abençoam.
Ele é o Senhor da Colheita, da Luz, da Morte... Ele é... foi e sempre será.
Meu amado... que me busca... me caça... me ama.
Em suas muitas manifestações nos dias atuais, Ele continua a vagar pelos bosques, continua a espreitar. Ele ouve minha voz... conhece meus passos, sente meu cheiro.
Sempre juntos... na eterna Roda, em nossos multiplos aspectos, vivemos, compartilhando o Sagrado.
Ele é o sorriso em meus lábios, meu suspiro profundo, a lagrima de dor.
O Senhor do Oculto, guardião do Submundo, meu Eterno Protetor."

***Essa é a minha visão do Senhor Consorte, a visão que adquiri nesses anos de vivência espiritual e depois em Grupo, convivendo com homens que realmente manifestam a energia do Senhor de Galhos. Homens que tenho o orgulho de chamar de irmãos, amigos, filhos, consortes.
Não existem palavras mais lindas, ou olhar mais amoroso e doce do que o dado pelo Deus.
Somente a mulher que vivenciou isso sabe do que falo.
Sua força não está vinculada a sua idade, sua virilidade não é vinculada a sua sexualidade.
Ele se expressa de forma maravilhosa no dia-a-dia para quem tem olhos para o enxergar!
Agradeço infinitamente por ter essa oportunidade.
E claro, à Gawen Ausar (Natan Brith)... por ser minha metade sagrada. Meu irmão, meu amigo, meu filho, meu Consorte, Sacerdote.
Sempre ouço seu chamado através dos Mundos, assim como meus ouvidos são os seus, sua voz é a minha voz! Somos um só coração... batendo no ritmo da Terra... afinados pelos Deuses.

Sianna Aset (Babi Guerreiro)

domingo, 7 de novembro de 2010

Lua Nova em Escorpião e a Lua da Renovação

O Circulo Feminino se reuniu para celebrar a energia da Lua Nova ontem, as 19 horas.
Estavamos em 5 mulheres somente, mas ao mesmo tempo era uma multidão de sentimentos e experiências.
Por se tratar da Lua Nova em Escorpião, e toda sua força de morte e renascimento, planejei algumas atividades ligadas ao tema. A face da Deusa honrada foi Lilith, no Oráculo da Lua ela é a Deusa Negra da Lua Nova em Escorpião. E nesse oráculo Ela nos fala de assumir o comando, limpando as inutilidades acumuladas para abrir espaço para o nascimento do que é novo. Procurar um desafio à altura do seu poder.

A Lua Nova em um signo de Água é um bom periodo para se tornar mais consciente de si mesma, afastando-se das necessidades e preocupações das outras pessoas. Especialmente em Escorpião quando nosso lado mais obscuro e silencioso pede por observação, bom momento para analisar antigos sentimentos em busca de clareza.
A carta da fase da lua neste Oráculo fala do estágio Adormecido da planta, o momento que antecede o broto. E a palavra é Isolamento... isolar-se em busca de si mesma. Deixar as influências externas de lado e ouvir a si mesma. No cotidiano isso as vezes torna-se totalmente impossivel.
No Circulo honramos e compartilhamos o conhecimento sobre Lilith, a energia fêmea primitiva, e todo o pavor que Ela causa na sociedade patriarcal.
Falamos sobre os exercicios mensais para manter o empoderamento dos nossos ciclos, maneiras de honrar nossa ciclicidade e fertilidade.
E a meditação foi uma conexão com nossa energia ancestral feminina, uma Jornada em busca de nossas irmãs que sangraram antes de nós, foi lindo... emocionante!
É sempre bom tocar tambor e honrar os nomes sagrados da Grande Mãe, num ritmo calmo e profundo, somente as vozes femininas ecoando a luz de vela... chamando pela energia ancestral, primitiva feminina.
Que possamos a cada dia deixar as espirais de poder fluirem livremente em nosso ser, que nosso sangue possa ser de novo valorizado. E que possamos amar nossa condição feminina, enxergando todo o poder de criação que existe em nós. Que nos foi negado, tirado e subjugado.
Acessar esse conhecimento ancestral nos liberta a longo prazo das idéias que foram impostas sobre sermos inferiores, fracas, sujas durante nossa menstruação.
Eu sangro com orgulho... e amo minha menstruação, ela é um dom precioso que honro não só quando menstruo, mas todos os dias quando faço a Auto-Benção e adaptei, incluindo a frase, "Abençoo meu Útero, o eterno caldeírão do renascimento, que possa ser fértil e saudável, trazendo prazer e sabedoria."
Compartilho aqui com vocês um pouco do que vivencio nesse circulo sagrado de confiança e amor, formado por mulheres, que assim como eu, sangram e honram seus ciclos.
E que nesta Lua em Escorpião possamos nos aprofundar nas marés de nossos sentimentos, muitas vezes renegados, deixados de lado. Para obter respostas honestas, clareza e verdade sobre nós mesmas e as situações que nos rodeiam.
Bençãos de Lilith... que sua energia desafiadora nos ajude.
Beijus...
Babi Guerreiro

**Fonte de Consulta: O Oráculo da Lua - Caroline Smith e John Astrop - Ed. Pensamento

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Mistérios do Sangue

No livro Sacre Pleasure – Sex, Myth and Polítics of the Body (HarperCollins, 1995), Riane Eisler nos relata que os pigmeus BaMbuti, da floresta do Congo, referem-se à menstruação como "ser abençoada pela Lua". Não há, naquela cultura, nada de aparentemente negativo associado ao período da menstruação.
O primeiro sangue menstrual é comemorado com uma festa chamada "elima", que envolve toda a aldeia. Após sua primeira menstruação, ser novamente abençoada pela lua no futuro é simplesmente visto como parte natural da vida da mulher, e não há nenhuma celebração posterior associada a isso. Não existem tabus ligados ao período menstrual e isso, talvez, represente bem a antiga mentalidade não-judaico-cristã.
O fluxo de sangue e seu cessar estão ambos intimamente ligados aos Mistérios Femininos. Menstruação, gravidez, parto e menopausa são aspectos do ciclo vital de todas as mulheres. O sangue, ou sua ausência, assinala naturalmente os estágios de transformação de uma mulher, desde a ruptura do hímen ao sangue do parto, ao fim dos sangramentos na menopausa. Em tempos remotos, o modo como uma mulher usava sua guirlanda era um sinal externo de qual estágio de sua vida ela já havia alcançado.
Em Blood Relations – Menstruation and the Origins of Culture, Knight nos conta que os primitivos humanos que habitavam as florestas, dormiam na copa das árvores sob o céu noturno. Os ciclos de luz da lua apropriadamente influenciavam os ciclos menstruais. A pesquisa de Knight indica que, na maioria das mulheres, o ciclo menstrual começa durante a lua nova e ela ovula por volta da lua cheia. Luisa Francia, em seu libro Dragon Time – Magic and Mystery of Menstruation (Ash Tree, 1991), também afirma que as mulheres que vivem e dormem ao ar livre (longe das luzes artificiais) estão sintonizadas a esse ciclo.
Knight apresenta algumas interessantes descobertas da biologia feminina. Um estudo sobre a duração de 270.000 ciclos de mulheres, representando todas as idades da vida reprodutiva, revelou o seguinte: a mais alta percentagem simples das mulheres do estudo, menstruaram durante a lua nova. A segunda percentagem mais alta, menstruou durante a lua crescente e apenas 11,5% menstruou durante a lua cheia. Essa pesquisa também indica que a maioria das mulheres mostraram um ciclo menstrual de 29,5 dias. Esse ciclo apresentou-se também como o mais fértil. O estudo ainda trouxe à descoberta de que mulheres heterossexuais que praticavam sexo com regularidade semanal, possuíam ciclo mais intimamente ligado ao ciclo da lua do que mulheres cuja vida sexual era de natureza esporádica ou celibatária. O estudo também indicou que os feromônios masculinos podem estar envolvidos no alinhamento do ciclo menstrual ao chamado ciclo "normal" que se inicia com a lua nova.
Nos Mistérios Femininos, vemos que o sangue menstrual era mais do que o indicador do ciclo de fertilidade de uma mulher. A vagina era vista como um portal mágico através do qual a vida surgia de uma misteriosa fonte interna. Na religião matrifocal, era um portal tanto para a regeneração física como para a transformação espiritual. As mulheres estão mais sintonizadas à sua natureza psíquica durante a menstruação. Uma vez que o fluxo de sangue menstrual tende a absorver energia, as mulheres estão mais aptas a curar os outros durante esse período. Assim, mulheres em menstruação podem absorver a energia dos outros e aterrá-la através de seu próprio sangramnto físico. Uma vez que o sangue é lançado à terra, a energia é neutralizada e a cura pode ter início na pessoa adoentada.
O sangue menstrual era, também, utilizado para fertilizar as sementes para o plantio, passando a essência da vida a elas. Campos eram, por vezes, borrifados com uma mistura de água e sangue menstrual para estimular o crescimento. As sementes e plantas absorviam um pouco da energia antes que o solo neutralizasse a carga. Xamãs femininos também transferiam cargas mágicas aos campos cultivados através do sangue menstrual, criados para influenciar a mente grupal da comunidade que se alimentaria da colheita. Durante a Idade Média, as bruxas eram constantemente acusadas de enfeitiçar as plantações...
Outra função do sangue menstrual, era a de ungir os mortos. Acreditava-se que isso asseguraria seu renascimento, graças às propriedades vitalizantes do sangue que jorrava do próprio portal da vida. Durante o Neolítico e o início da Idade do Bronze, na Antiga Europa, a região do Egeu testemunhou a criação de tumbas redondas com pequenas aberturas voltadas para o leste, na direção do sol nascente. Essas tumbas representavam o ventre da Deusa, e a abertura era a sua vagina. Vasos sagrados eram utilizados para coletar o sangue menstrual para ungir os mortos. Eram vasos da fertilidade, luz e transformação. Os mortos eram ungidos com sangue menstrual e posicionados no interior das tumbas. A luz do sol nascente simbolizava a renovação e a regeneração, enquanto penetrava na abertura da tumba (o falo solar penetrando a vagina telúrica). Posteriormente, essas tumbas terrenas evoluíram na forma de montes, remanescentes do Culto ao Mortos.
Em Sacred Pleasure, Riane Eisler relata como os ritos e cerimônias funerários pré-históricos incluíam atos sexuais. Tais atos visavam conectar a tumba à energia da procriação. Símbolos espirais eram constantemente gravados em tumbas neolíticas como sinais da regeneração. Também simbolizavam a transformação xamânica da consciência que empregava cogumelos alucinógenos. Os cogumelos têm fama de afrodisíacos e sua semelhança com a genitália masculina ficava certamente evidente aos primitivos europeus. A rapidez com que os cogumelos crescem e desaparecem também contribuiu para sua associação com o falo. Assim, podemos facilmente associar as danças extáticas com os ritos funerários da magia do sangue.
Nos Ensinamentos Misteriosos, a magia do sangue está ligada às fases da lua. A lua cheia inicia a ovulação e simboliza os poderes de transformação da energia lunar (e, por conseqüência, da energia feminina). Por seu aspecto fértil no ciclo de uma mulher, a lua cheia é o período da mãe. Durante essa fase, é melhor formular e visualizar o que quer que seja desejável na vida de um indivíduo. As imagens mágicas lançam raízes durante essa fase, e o sangue é carregado com quaisquer formas de pensamentos que direcionamos a ele. A lua minguante põe em movimento o que foi concebido durante a lua cheia, para que se manifeste. É um período para estabelecer as conexões com o mundo físico, que irão auxiliar o fluxo de energia relacionada rumo aos desejos do indivíduo. A lua nova libera o sangue carregado do caldeirão mágico do ventre. A energia mágica é, então, usada e é tempo para reflexão e introspecção. A lua crescente é um período de potencialização, de leitura e estudos, preparando o solo fértil do ventre para a semente mágica que será plantada na lua cheia.

Mistérios Wiccanos -  De Raven Grimassi

***Compartilho com vocês um pouco da obra deste grande escritor, e aconselho à quem puder comprar.
Claro, aqueles que se interessam pelos mistérios wiccanos, mas uma coisa que particularmente aprendi é que, por mais que possamos ler, estudar, os mistérios só são compreendidos quando vivenciados, ai então começa a verdadeira magia.

Beijus iluminados...

Babi Guerreiro