E então uma furia... um inquietação... uma energia poderosa, uma vontade de se isolar e ao mesmo tempo cair na estrada sem rumo. Uma sede de sangue, me senti a própria Kali, domingo a noite durante uma discussão acalorada com uma pessoa que gosto muito. Isso não me impediu de desejar dançar sobre seu corpo como Kali em transe.
Mas então... minha sede de sangue é saciada... vem minha Lua Vermelha.
Me recolho no quentinho de minha cama, com essência de alfazema espalhada pelo quarto, a luz de vela, ao som do meu tambor, enrolada em meu xale vermelho, tomando meu chá de ervas.
E lá escuto a sabedoria ancestral, que jorra do meu Útero. Entoando canções e os nomes sagrados Dela, que assim como eu muda, a Mulher Mutante que vive em mim se regenera.
Hai Nai Yu ... eu canto... eu celebro... eu danço.
Sustento orgulhosa em meu peito meu colar de sementes vermelhas, vermelho como meu sangue!
Marco em minha testa como as ancestrais um ponto vermelho entre os olhos, resgatando valores perdidos.
Tomo meu banho de poder.
Deixo fluir com meu sangue toda a dor... é um momento libertador.
Para então depois tecer sonhos, visões, idéias, projetos.
Trago comigo sempre por perto meu Diário da Lua Vermelha, onde descrevo tudo que acho relevante. As vezes são sensações, as vezes sonhos, tiragem de Runas, fases da lua, rituais, invocações para algumas faces da Deusa, mantras, ervas e cristais que utilizo, tudo relativo aos meus ciclos.
Esse trabalho de escrever parece cansativo para alguns, mas para mim tem sido muito precioso.
Tenho conseguido mapear meus ciclos, quando estou fértil e bem disposta consigo aproveitar melhor certas atividades que não faria tão bem durante alguns dias antes de menstruar, quando tudo que desejo é me recolher e ficar comigo mesma.
Sei que fico extremamente inquieta 1 dia antes de menstruar, por isso calço minhas luvas e espanco meu Saco de Boxe no fundo de casa. Lá descarrego toda a adrenalina que está prestes a explodir.
E quando menstruo fico assim... criativa... sensivel... nostálgica, ouvindo mil vezes a mesma musica enquanto escrevo em um dos meus blogs.
Dessa vivência nasceu a Lua da Renovação... um momento em que as mulheres de meu grupo se reune para falar de assuntos femininos. Menstruação, gestação, fertilidade, sexo, amores, decepções.
Meditamos, aprendemos, celebramos a ligação de nossos úteros em amor.
Nesse Circulo dentro de um Circulo (Coven)... somos fêmeas... mulheres reais... sem máscaras, deixando fluir mais do que o nosso sangue, nossos sonhos e dores, tecendo uma teia de confiança e verdade.
Em amor e respeito as mulheres que também trabalham em Circulos Femininos, independente do nome que levem, separadas pela distância, mas juntas em espírito, possamos fortalecer nossos ventres e corações.
Meu agradecimento sempre à Mirella Faur por toda a sabedoria compartilhada.
E à minha inspiradora irmã Sabrina Alves pela força, dedicação e amor.
Reverencio em você Sabrina a Grande Tecedeira... Você sempre será parte da minha teia. O fio mais brilhante, mais forte. Amo-te.
De uma mulher que sangra e se regenera...
Um comentário:
Lindo e inspirador!!!
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