quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A Guerreira Ferida


Após muitas leituras, conversas com outras mulheres e pesquisas decidi me perguntar quem é a “Guerreira Ferida”? É a mulher independente, confiante, bem sucedida, a mulher que conquistou o seu espaço dentro do mercado financeiro, tendo geralmente excelentes cargo e remuneração, muitas vezes sendo chefe de muitos homens. É capaz de resolver qualquer problema e geralmente não pede ajuda, mesmo quando precisa. Conquistou essa posição com muita luta, enfrentando toda a dificuldade que existe para uma mulher ocupar um cargo de confiança em uma sociedade patriarcal, muitas vezes sangrando para isso.
“Durante sua “jornada” essa guerreira, por proteção, veste-se com uma “armadura” e está sempre com sua ”espada” na mão, uma visão simbólica que demonstra estar na defensiva. Acredita que não precisa de companhia, abandonou a fantasia do “Príncipe Encantado”. Algumas vezes essa “Guerreira Ferida” se torna amarga, zangada e se castiga privando-se de vivenciar suas emoções, de demonstrar suas fragilidades, ser espontânea. Só que essa “Guerreira”, na realidade, está muito ferida; a dor é sentida na alma, no coração. Ela está cansada de lutar, a armadura está pesada e ela sente que há necessidade de equilibrar o uso da espada.
Na psicologia feminina, segundo a especialista no assunto, Jean Shinoda Bolen, a “Guerreira Ferida” é um dos arquétipos mais presentes na sociedade atual. Jean Shinoda relaciona este padrão fazendo uma comparação entre a mulher contemporânea e as deusas gregas. Nesta visão a “Guerreira Ferida” é a mulher em desequilíbrio entre os arquétipos das deusas Afrodite e Athena.
A mulher teve que despertar este arquétipo da guerreira para sobreviver na sociedade atual. Ela veste suas armas para realizar seus sonhos. Só que não sabe como equilibrar este padrão com as outras faces do feminino que habitam seu coração e ainda a medida certa entre o equilíbrio das energias masculina e feminina.
Como curar a “Guerreira Ferida”? Segundo Suzana Kennedy, ”a Guerreira Ferida almeja se transformar em Deusa, mesmo que não pudesse usar essas palavras para descrever o seu desejo. Quem é a Deusa? A Deusa é simplesmente a incorporação do Divino em um corpo feminino. Ela tem discernimento e age com integridade. Ela tem uma essência de paz interior que é inabalável. A Deusa irradia uma energia que é tão poderosamente bela, amorosa e suave, que os outros são atraídos para ela como imã.”
A Deusa pode ter sido uma “Guerreira Ferida”, mas curou suas feridas, equilibrou a face guerreira com as outras faces: a mãe, a amante, a menina, a anciã, a protetora, a espiritualista, a sombra, a luz, etc. Ela sentiu todos os seus medos, anseios, raiva, amor, libertando-se, assim. Ela transformou seus sentimentos, a traição e abandono em confiança e tranqüilidade. Ela aprendeu a olhar para dentro e gostar do que vê. Ela combate o ataque espiritual e físico com amor.
A “Guerreira Ferida e a Deusa”: dois arquétipos femininos poderosos. Um cansado e ferido; o outro, radiante e curado.
A mulher que vive o padrão da “Guerreira Ferida”, para ser curada, deve reencontrar-se com sua “Deusa Interior” e isso torna-se mais fácil quando a mulher descobre a sua espiritualidade, sentindo que o divino habita dentro de si mesma. Nesse reencontro essa “Deusa Mulher” renasce e sabe desfrutar toda sua feminilidade com coragem que emana do seu coração. Ela confia plenamente no poder de ser mulher, nos seus instintos, no poder do seu ventre sagrado. Ela se liberta de seus sentimentos suprimidos de traição e abandono. Ela equilibra razão e emoção, masculino e feminino... Ela irradia amor, confiança, beleza. Ela também sente o divino em todos os seres, sentindo necessidade de compartilhar a sua descoberta.
Curada, essa guerreira reconhece e desperta outros aspectos da Deusa que lhe sirvam melhor em qualquer momento.
Reconhecer a ferida e saber que temos a responsabilidade e oportunidade de se curar é o grande segredo para dar o passo definitivo na direção da cura dessa Guerreira que anseia em ser Deusa, isso é possivel, quando aprendemos de novo sobre como acessar nossa sacralidade, reverenciando nossos ciclos como nossas ancestrais faziam, paramos de agir como o sistema nos programou, reprogramamos nossa consciência voltando-se para o centro de nós mesmas, o centro da Terra, o Útero da Grande Mãe. Lá em seu colo nos encontramos com a Deusa Interior, e curamos nossa Guerreira, que aprende a usar sua espada e seu escudo somente quando for realmente necessário. Esse processo ardúo, não acontece de uma hora para outra, mas com dedicação e paciência, conseguimos ótimos resultados, experimente!!!
Fontes de consulta:
Texto “A Guerreira Ferida” de Suzanna Kennedy.
"Mulheres que Correm com os Lobos", de Clarissa Pinkola Estes
"As Deusas e a Mulher", de Jean Shinoda Bolen.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que texto maravilhoso!
espero um dia curar minhas feridas, reencontrar-me... Meu próprio blog, de certa forma, representa esta busca...
Será que posso linkar o seu no meu?
pretendo visita-la sempre por aqui!!

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