quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Absorvente ecológico - Parte 2

Onde encontrar absorventes reutilizáveis no Brasil?
aBiosorventes: bonitinhos e ecologicamente corretos
Bom, sempre dá pra fazer você mesma - ou mandar fazer na costureira ou na casa da avó, que tem máquina de costura. Mas agora já dá para comprar pronto aqui também, o que antes era um privilégio de americanos e europeus. Bonitinhos e ecologicamente corretos, os aBiosorventes são os primeiros absorventes reutilizáveis produzidos em escala comercial no Brasil.
Quem responde pela obra é Diana Hirsch, uma geografa carioca de 26 anos que está se preparando para cursar mestrado em Saneamento Ambiental. Tudo a ver com a função de fabricante e divulgadora de absorventes reutilizáveis: "Meu interesse é juntar a saúde da mulher com a questão dos resíduos sólidos, atrávés do aBiosorvente".
O projeto iniciou depois que Diana assistiu a um vídeo, produzido pelo curso de comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, chamado Conexão: Dioxina. "Esse vídeo explicava o que era a dioxina, e mostrava que na Alemanha as pessoas tinham a opção de comprar produtos que não fossem branqueados. As meninas da turma pensaram então em fazer um absorvente que não precisasse conter dioxina".
Diana então foi para a Internet, pesquisar. Achou dezenas de opções de absorventes sem dioxina e reutilizáveis - todos caros de importar. Sabendo costurar, ela resolveu então fabricar seus próprios absorventes. "Algumas amigas quiseram, e as amigas das amigas também, e aí pensei que seria uma boa trazer essa discussão para o Brasil".
Os aBiosorventes custam R$ 4,00 - ou 3 unidades por R$ 10,00. Para comprar, visite o site.
Diana contou para Planeta na Web como é conviver intimamente com os aBiosorventes:

Planeta na Web - Como é a aceitação de seu absorvente reutilizável?
Diana Hirsch - Bastante diversificada. Tem pessoas que eu juro que vão entender de cara, e não entendem, e tem outras que eu explico só porque elas perguntam, pois acho que nunca entenderiam, e elas acham a idéia fantástica! Isso vem sendo muito bom para eu parar de julgar as pessoas só pelas aparências... Venho descobrindo que a aceitação dos aBios passa por uma discussão muito maior: desde uma auto-aceitação, não ter nojo de lavar o próprio sangue, até um envolvimento maior com o Planeta, de cada um ser consciente da sua parcela de responsabilidade e de possibilidade. Olhando com um olhar mais macro.

PnW - Como fazer para lavar? Não é anti-higiênico?
Diana - É tão simples como lavar uma calcinha, a única diferença é que você precisará deixar de molho antes. Eu costumo deixar de molho um ou dois dias, e depois coloco na máquina de lavar, mas tem gente que depois do molho lava no banho. Com relação à higiene: um absorvente reutilizável não é mais anti-higiênico do que uma calcinha. Se você se sente segura para usar uma calcinha reutilizável, não tem porque não se sentir segura para usar o absorvente. A única pergunta é: você lava bem a sua calcinha?

PnW - Menstruação ainda é um tabu, e não deveria, já que toda a mulher menstrua. Por que você acha que ainda é considerado impuro ou sujo?
Diana - Acredito que ainda é resquício da sociedade patriarcal que a gente vive. O homem não menstrua, e, em geral, não se sente muito confortável com essa situação. Colocar a menstruação com esse status talvez tenha sido necessário para se estabelecer a sociedade nos moldes como se encontra hoje. Uma mulher que vê a sua menstruação e sua condição feminina como algo de bom, certamente é uma pessoa mais fortalecida e segura da sua condição. Isso dificultaria muito o trabalho dos homens. Deve ter sido necessário esse domínio patriarcal por algum tempo, apesar de que eu não sei porquê. Mas acho que já podemos nos fortalecer novamente. Não para 'lutar' com eles, mas para podermos ser livres.

PnW - Qual o impacto que representa o cultivo de uma relação mais saudável com a nossa própria menstruação?
Diana - A nossa sociedade rejeita a menstruação, mas não foi sempre assim. Durante muito tempo, até a Idade Média, vários rituais de fertilidade em adoração à Deusa eram feitos quando as mulheres da tribo estavam menstruando. Até porque elas menstruavam juntas, o que era muito comum. Aliás, apesar do nosso distanciamento, ainda é possível perceber isso: muitas mulheres, quando moram juntas, ou são muito amigas, com muita afinidade, tendem a menstruar na mesma semana! Isso é muito interessante ser notado: por mais que evoluamos tecnologicamente, e cada vez mais nos afastemos da nossa origem animal, acontece algo dentro de nós, mulheres, todo mês, que tem uma estreita relação com a Lua e com outras mulheres próximas a nós. Isso pode nos trazer de volta a nossa condição humana, enquanto seres que também fazem parte da natureza.
Esse texto é parte integrante do texto Incomodada ficava sua avó de Alessandra Nahra

Para quem quer mais informações e gostaria de comprar ou produzir o seu próprio absorvente ecólogico, no final da página do blog à direita nos links me encontre no Orkut, você encontrará o link para a Comunidade Absorvente Ecológico, da qual faço parte, lá existe uma infinidade de informações sobre esse tema.
O Guerreira Interior apoia e participa do Ativismo Pagão - Por uma atitude consciente pró-terra. Nós somos a voz Dela! -Bárbara Guerreiro

2 comentários:

S. Thot disse...

Pôxa! Queria eu, mesmo sendo homem, ter escrito este texto.

Mônica Maflé disse...

Eu trabalho com artesanato e estou produzindo absorvente ecológicos.
quem interessar, pode entrar em contato comigo para adotar este hábito. Apesar de muitas amigas acharem anti-higiênico, muitas meninas estão adeptas deste modo de encarar o seu ciclo e o da natureza...